A folha em branco simplesmente parece atraente. Como se a sua carência física de alguém fosse compensada com um abraço milimétrico consigo mesmo, o ser dividindo-se em dois e entrenhando-se por dentro da caneta, compressão com pressão compressão, os dois amantes solitários apertando-se cada vez mais forte como se a matéria fosse tempo e o tempo escrevesse seu próprio epitáfio naquele angustiante segundo de ânsia desesperada, e tudo vai acabar, e temos que aproveitar, são nossos últimos momentos de felicidade, oh, é o fim, é o fim, e então os amantes recíprocos explodem em tinta e tudo é apenas folha e verso, dor e prosa, e agora onde está você? Silêncio, silêncio, silêncio.