segunda-feira, 14 de maio de 2007

Cubículo

Em cima da sua cama, nem totalmente deitado nem propriamente sentado; lá se encontra você. Ao olhar para frente, suas noções geométricas fazem-lhe enxergar um quadrado cujos lados são as arestas iluminadas formadas entre o teto e as paredes, envoltos em constante penumbra.

Engraçado você sentir a dor da dúvida e da solidão, sentir o frio e a tristeza acomodando-se dentro de você - haveria lugar mais confortável? -, e curioso você saber que percorrendo as arestas de seu quadrado-teto sempre no mesmo sentido, você chegará sempre ao mesmo lugar. O ciclo tem significativos desvios, mas essas quebras de noventa graus são sempre iguais, de qualquer maneira.

Há mais cinco quadrados, e você está deliciosamente comprimido em um cubo, agora. Arremesse suas lágrimas, cuspa sua risada. A dimensão de seus burros pensamentos humanos é grande demais, perto dessa prisão que é nada mais que o seu mundo.

[Chaparam o planeta igualmente, em seis lugares proporcionais, eqüidistantes do centro, de forma que as arestas que se encontram nos mesmos planos sejam sempre perpendiculares. Depois comprimiram a matéria toda ao máximo que puderam, e quando não havia lugares para onde fugir, jogaram você lá dentro e te avisaram que este agora é o seu mundo.]

Milhões de quilômetros quadrados, porções de terras e continentes, oceanos, formato oval? Besteira. Seu mundo é um maldito cubículo, eventualmente escuro, medonho por associação. Você o teme. Você teme suas emoções ligadas a ele.

Seu pedaço de matéria pequena e inútil.

6 comentários:

bruna disse...

nho samuqes, you need a hug. já disse. ficou bom. mas eu não gosto de pensar que tu tá triste. mesmo

Anônimo disse...

Hormonalmente viciante, vale constatar sempre.

meh disse...

Ficou ótimo, samoEL

Mas pra referências futuras, sabe o que descomprimiria tudo?

Greve de sexo, AEEEEEEEEE

Anônimo disse...

dai-me forças para aguentar palavras de pressão, abrir-os-olhos, ler com atenção, engolir a seco e escarrar o que veio diretamente para goela a baixo.
dai-me forças para aguentar palavras sábias deste post.
:*

Ana Luíza Catabriga disse...

Obrigado por ter comentado no meu blog!
Seu texto está bem escrito,gostei!
Principalmente tratando-se de um auto aprisionamento...depressivo...sim =O
Mas isso passa...fases da vida ;) que nos deixam um tanto inspirados =)

Anônimo disse...

Tinha certeza que tinha comentado o_o


Enfim, não li de novo ainda, mas lereei. Eventualmente. Já disse que fico feliz de você estar escrevendo de novo? Mesmo que seja pensando no Damien Rice hahahah