terça-feira, 10 de julho de 2007

Once.

Um dia você me ensinou o que era vida, no outro você acabou com a vida das pessoas ao seu redor mas manteve a minha intacta, e no dia seguinte eu acabei com a sua. Admira-me muito que alguém tão sem expectativas e tão sem auto-estima e intrinsecamente medroso como eu tenha conseguido fazer tudo aquilo, mas eu fiz, eu não deixaria de fazer apenas para satisfazer seu desejo egoísta de conquistar mais um troféu para sempre. Fui sim perverso, fui mau, mas foi muito bom, foi a melhor coisa do mundo agora que sou mero expectador do passado, e acho sim que há algo de morbidamente diabolicamente egoisticamente feliz em ser mau algumas vezes na vida e, de qualquer maneira, você não merecia muito mais do que isso, não por mim, não por você, não por nós, mas por tudo e pela vida e pela existência. E na verdade nem eu merecia bondade e compreensão, aliás, alguém ali merecia?

E você, que em pouco tempo se tornou a pessoa mais importante da minha vida? Eu faria de tudo, simplesmente desejei fazer de tudo pra te ver feliz e bem, mas as pessoas mudam, o mundo se transforma e você me excluiu da sua vida com um simples botão de excluir. Machucou, fez ferida, uma dor pungente como dor de dente, mas você não sente nada, não é mesmo? Chorei como um bebê quando vi que a importância de tudo aquilo tinha se perdido, mas no fundo você era mais inteligente, no fundo você entendia que a vida não era feita só de lamentações e afetos sem sentidos e descrições desnecessárias e planos que serviriam apenas para se quebrar a cara e perceber que eram em vão e que a vida era muito mais complexa do que aquilo. Perdi, mas ganhei muito, ganhei horrores, tornei-me de certa forma a mais afortunada das pessoas, ainda que sofresse mais que muita delas. Ah, a veia dramática impossível de se conter...

E você, inverno gelado de um ano que nem me lembro, e que foi tão belo e tão compreensivo e tão cheio de vontade de preencher minha vida com sensações boas e momentos indescritíveis, ah, você, que joguei fora por um equívoco e voltei atrás por um equívoco ainda maior. Também aprendi que há muito mais do que confusões e que há muito a aprender quanto a uma coisa que se chama: controle. Não se tem durante a infância. Ainda não estava completamente preparado, ainda não dominava sequer um quarto de todo meu potencial impulsivo, por isso posso dizer que fui o mais tolo dos mortais, por tudo tudo. Nunca havia reparado nisso, mas sua inteligência emocional era bem maior que a minha, você me fez aprender sem nem notar que estava ensinando algo, e acho isso um fato mágico. Tudo foi do jeito que tinha que ser, pois no fundo sabia que não era feliz, não éramos felizes, nunca seríamos. Deixei você ir embora, não para sempre, mas deixei. O tempo passou, e me sinto completo, acho que você está completo, acho que a vida é tão vazia que completa a si mesmo sem exigências demais. Né?

É tudo tão passado e tudo tão presente, aliás, qual a diferença?

It's your life
It's your party
It's so awful.

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