quinta-feira, 24 de maio de 2007

they let Lisa go blind.

Quem me dera saber explicar, quem me dera saber usar as palavras. Eu fecho os olhos, eu ouço batidas preto e branco, eu ouço melodias escuras, coisas são calmas, agora rápidas, barulhentas, agora paradas vermelhas e nojentas e elas explodiram e elas simplesmente não existem mas existem tanto e tanto e tanto. Estou me martelando por dentro, venha retirar meus parafusos, venha retirar meus malditos pregos, chupe todo o meu sangue, retire isso de uma vez só, venha engolir minha dor e digeri-la para sempre, guarde-a dentro de você, mas não a sinta. Quem me dera saber que tudo é tão fácil e dois mais dois é igual a quatro e tudo isso aí vai passar e não vai passar e eu não sou eu mesmo. Por que as coisas vem e vão? Queria que você me explicasse. Por favor. Venha. Está frio, meu cérebro está congelando e ainda que estivesse em 50 ºC o frio seria exatamente o mesmo. Não quero ser estático. Não me deixe ser estático. Não deixe. Por favor.

domingo, 20 de maio de 2007

Clementine

Da série: coisas ruins que escrevi completamente bêbado.





Clementine fingia ignorar as regras do jogo. Não era conveniente para seu próprio embasamento e orgulho moral seguir os estúpidos padrões. Era utópica, da primeira à última célula de seu corpo, em sentido vertical. Mas Clementine não sabia para onde ir. Não sabia. Reviveu suas memórias e chegou à triste conclusão de que não havia conclusão alguma. E nem sentimentos, nem emoções, nem razão. Quem é Clementine? Ninguém respondeu. Há! Justificável. Ninguém responderia, nunca, e o jeito agora era se acomodar a esses vazios que sucedem as indagações. A existência de Clementine era utópica demais para tratarem com respeito ou sanidade.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Cubículo

Em cima da sua cama, nem totalmente deitado nem propriamente sentado; lá se encontra você. Ao olhar para frente, suas noções geométricas fazem-lhe enxergar um quadrado cujos lados são as arestas iluminadas formadas entre o teto e as paredes, envoltos em constante penumbra.

Engraçado você sentir a dor da dúvida e da solidão, sentir o frio e a tristeza acomodando-se dentro de você - haveria lugar mais confortável? -, e curioso você saber que percorrendo as arestas de seu quadrado-teto sempre no mesmo sentido, você chegará sempre ao mesmo lugar. O ciclo tem significativos desvios, mas essas quebras de noventa graus são sempre iguais, de qualquer maneira.

Há mais cinco quadrados, e você está deliciosamente comprimido em um cubo, agora. Arremesse suas lágrimas, cuspa sua risada. A dimensão de seus burros pensamentos humanos é grande demais, perto dessa prisão que é nada mais que o seu mundo.

[Chaparam o planeta igualmente, em seis lugares proporcionais, eqüidistantes do centro, de forma que as arestas que se encontram nos mesmos planos sejam sempre perpendiculares. Depois comprimiram a matéria toda ao máximo que puderam, e quando não havia lugares para onde fugir, jogaram você lá dentro e te avisaram que este agora é o seu mundo.]

Milhões de quilômetros quadrados, porções de terras e continentes, oceanos, formato oval? Besteira. Seu mundo é um maldito cubículo, eventualmente escuro, medonho por associação. Você o teme. Você teme suas emoções ligadas a ele.

Seu pedaço de matéria pequena e inútil.

domingo, 13 de maio de 2007

[ Talvez seja ]

Talvez seja falta de amor, talvez seja falta de carinho, talvez seja falta de sexo, talvez seja falta de bom senso, talvez seja falta de inteligência, talvez seja falta de drogas, talvez seja falta de sentidos, talvez seja falta de objetivos, talvez seja falta de vergonha na cara, talvez seja falta de mim mesmo.

Talvez seja falta de existência.

N.ã.o.C.o.n.s.i.g.o.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

.I Wish I.

Recuso qualquer espécie de discurso intenso/explosivo/venenoso por hoje.

Adoraria absorver toda a frieza do universo para dentro do meu cérebro. Não para a eternidade; alguns minutos ou horas seriam suficientes para o meu equilíbrio. Queria ser uma molécula de água abaixo de zero graus celsius. Bem abaixo. Gostaria de não sentir nada, nem meu amor, nem meu rancor, nem meu patético platonismo e essa tempestade de emoções destrutivas que contribuem para essa enchente de insanidade dentro de mim.

Renunciaria a tudo pela minha individualidade. Não depender mais de emoções baratas e ridículas que me sustentam e me destroem. Mas estaria eu falando a verdade? Estaria eu tão amadurecido que alcançara o conceito de renúncia como algo digno de reconhecimento divino? Seria eu, pois, tão infantil assim?

Queria um sono sem sonhos conflitantes. Queria abrir meus olhos bem devagar pela manhã e observar a luz [fria] perpassar minhas pálpebras, invadir meus olhos e fazer arder minha retina. Queria aspirar o ar até os pulmões e sentir o oxigênio circular no sangue e chegar às células. Respiração celular. Queria ser uma cé.lu.la. Queria ser apenas a soma de todas as minhas células, e nada mais que isso. Existir mecanicamente por alguns segundos, ser uma máquina que outrora fora frutro de uma mal-sucedida experiência de inteligência artificial.

Cogito, ergo sum; queria que tal frase fizesse sentido. Queria que o racionalismo fosse racional. Queria olhar seu maldito sorriso a quilômetros de distância e captar sua alegria sem me envolver, considerando que você é apenas uma pessoa entre mais de seis bilhões e que sua existência é facilmente substituível. Queria olhar sua foto e não pensar na sua voz - que eu nunca ouvi - me dizendo coisas ao pé da orelha, queria não sentir seu toque imaginário, suas mãos na minha, nós dois como um só.

Mas nem minhas recusas nem meus desejos deixam de ser apenas recusas e desejos. E de quem é a culpa?... Deus? Sociedade? Genética? Sua?

Não. Primeira pessoa do singular, as always.


[não sei mais o que eu queria.]

terça-feira, 8 de maio de 2007

Explodir-Implodir

...
..
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Implosões. É o que acontece quando se deixa de explodir e faz da sua mente uma caixa onde você guarda tudo e não mostra pra ninguém. A chave da caixa ninguém sabe onde está. Nem Deus. Aí você pensa: porra, enganei até a Deus! É, talvez sim. Ou talvez seu ego seja tão grande a ponto de achar isso, uh?

Implosões, pfff... A matéria se comprimindo cada vez mais, cada vez mais... e você, cada vez menor. Um nada. O nada. Bem em frente à sua fuça, gritando, se mexendo, contorcendo e rindo da sua cara de otário.

O maior favor que você faz à humanidade é justamente implodir. Mas faça um favor a si mesmo pelo menos uma vez na vida e exploda, Samuel Vítor.



PS: Pelo menos meus textos são explosões. Resta eu.


[Disciple - Slayer]
~God hates us all.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Present day, present time

Certo. Você pára em frente a tela de um computador, as pernas inquietas, a mente inquieta, o mundo inquieto. Adoraria se expressar, precisa se expressar. Mas onde estão as luzes? O calor da luz dos seus pensamentos mais insanos, a explosão de luz a cada vontade que necessita ser saciada, toda a luz e seu processo exotérmico... Mas em você é um processo endotérmico, não é mesmo? Hmpf. Toda essa fachada extrovertida e totalmente aberta às coisas; a quem você quer enganar?

present day. present time. mwahahaha!

Sim, você se sente como se fosse a Lain de Serial Experiments Lain. Toda introvertida e alienada e cheia de segredos [ou simplesmente livre de todos eles]. Sabia que existe outra Lain? Ela anda por aí. Ela não é como você. Mas você nem teve tempo para reparar, não é mesmo? Te disseram que você pode viver muito bem sendo assim, que isso preserva você de várias coisas, mas... Pra falar no popular: como isso cansa, puta-que-o-pariu.

...

Não tenho intenção alguma de ser objetivo, mesmo. Quem acha que vai suportar, siga em frente.



[Cross Out The Eyes - Thursday]

De Nascimentos e Improbabilidades

Esse é o post de inauguração de um blog que muito provavelmente será abandonado dentro de poucos meses devido à falta de escrúpulos de seu dono.

Beijos.