sexta-feira, 13 de julho de 2007

Das Aprendizagens e Necessidades

Um dia você aprende a andar sozinho, e que você não necessariamente se torna uma ilha por causa disso: mas há, sim, necessidade de saber andar sozinho, ainda que tendo companhia seja melhor, ainda que tendo apoio seja mais fácil, ainda que tendo amigos seja mais feliz; mas, de qualquer maneira, as pernas são suas.

Um dia você resolve que realmente precisa de E S P A Ç O, e é triste saber que muitas pessoas não interpretam isso bem, e é infeliz saber que os outros fazem má idéia disso, achando que você se tornou frio malvado maquiavélico egoísta matador de velhinhas canibal, e é aterrorizante saber que a opinião dos outros sobre seus atos não é assim tão boa, ainda que ninguém tenha coragem de te dizer isso abertamente.

Preciso de outras pessoas, sim, preciso de apoio, é claro, preciso de amigos, obviamente, preciso de um amor, sim, preciso, mas antes de tudo: preciso de espaço.

Preciso de mim mesmo.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

CLove!me

Aí eu penso nos anos do post anterior. 2003, 2004, 2005. 2006. Tempo demais. Perdido. Ou não. Compensa?

Vamos, 2007, traga algo de mais emocionante.

(E aí lembro-me de que estamos em julho e talvez seja tarde demais. E aí penso: deixa pro próximo ano. E até quando vou procrastinar isso? Não sei, realmente, e escrever nesse blog tem se tornado uma terapia, ainda que ninguém comente e seja tudo tão sem sentido algum. Anyway.)



"(...)

Seu pequeno mundo doce é podre até o miolo, eu não sabia que você tinha nascido sem alma. Eu tenho vozes gritando dentro da minha cabeça; você está batendo uma na sua cama? Isso não é punk, isso não é legal, tampouco é entediante, e não é o Eminem que vai me salvar.

É a vida real, eles tentaram roubar minha alma, e eu tenho pílulas porque sou famosa, tenho pílulas porque você está velho, tenho pílulas porque sou loira, tenho pílulas porque você está morto, tenho pílulas porque sou a pior e a mais bem vestida, tenho pílulas porque me sinto com mais de 21, tenho pílulas porque você não é o tal; (...) eu tenho pílulas porque você é gordo, e eu tenho pílulas porque estou entediada.

(...)"


Foi Courtney.
Mas poderia ter sido eu.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Once.

Um dia você me ensinou o que era vida, no outro você acabou com a vida das pessoas ao seu redor mas manteve a minha intacta, e no dia seguinte eu acabei com a sua. Admira-me muito que alguém tão sem expectativas e tão sem auto-estima e intrinsecamente medroso como eu tenha conseguido fazer tudo aquilo, mas eu fiz, eu não deixaria de fazer apenas para satisfazer seu desejo egoísta de conquistar mais um troféu para sempre. Fui sim perverso, fui mau, mas foi muito bom, foi a melhor coisa do mundo agora que sou mero expectador do passado, e acho sim que há algo de morbidamente diabolicamente egoisticamente feliz em ser mau algumas vezes na vida e, de qualquer maneira, você não merecia muito mais do que isso, não por mim, não por você, não por nós, mas por tudo e pela vida e pela existência. E na verdade nem eu merecia bondade e compreensão, aliás, alguém ali merecia?

E você, que em pouco tempo se tornou a pessoa mais importante da minha vida? Eu faria de tudo, simplesmente desejei fazer de tudo pra te ver feliz e bem, mas as pessoas mudam, o mundo se transforma e você me excluiu da sua vida com um simples botão de excluir. Machucou, fez ferida, uma dor pungente como dor de dente, mas você não sente nada, não é mesmo? Chorei como um bebê quando vi que a importância de tudo aquilo tinha se perdido, mas no fundo você era mais inteligente, no fundo você entendia que a vida não era feita só de lamentações e afetos sem sentidos e descrições desnecessárias e planos que serviriam apenas para se quebrar a cara e perceber que eram em vão e que a vida era muito mais complexa do que aquilo. Perdi, mas ganhei muito, ganhei horrores, tornei-me de certa forma a mais afortunada das pessoas, ainda que sofresse mais que muita delas. Ah, a veia dramática impossível de se conter...

E você, inverno gelado de um ano que nem me lembro, e que foi tão belo e tão compreensivo e tão cheio de vontade de preencher minha vida com sensações boas e momentos indescritíveis, ah, você, que joguei fora por um equívoco e voltei atrás por um equívoco ainda maior. Também aprendi que há muito mais do que confusões e que há muito a aprender quanto a uma coisa que se chama: controle. Não se tem durante a infância. Ainda não estava completamente preparado, ainda não dominava sequer um quarto de todo meu potencial impulsivo, por isso posso dizer que fui o mais tolo dos mortais, por tudo tudo. Nunca havia reparado nisso, mas sua inteligência emocional era bem maior que a minha, você me fez aprender sem nem notar que estava ensinando algo, e acho isso um fato mágico. Tudo foi do jeito que tinha que ser, pois no fundo sabia que não era feliz, não éramos felizes, nunca seríamos. Deixei você ir embora, não para sempre, mas deixei. O tempo passou, e me sinto completo, acho que você está completo, acho que a vida é tão vazia que completa a si mesmo sem exigências demais. Né?

É tudo tão passado e tudo tão presente, aliás, qual a diferença?

It's your life
It's your party
It's so awful.

domingo, 8 de julho de 2007

Tears.

e se as lágrimas fossem doces, gostaria eu mais de chorar ou cansaria eu de chorar tanto? não acho que elas devam ser sempre salgadas, e não gosto desse fixismo da minha vida, não gosto mesmo, desgosto bastante, não que seja um fato extraordinário mas isso tudo é muito infeliz, mas ainda bem que elas são salgadas, mas por que são amargas, por que não são azedas, por que tudo isso?

maybe this time it won't heal
maybe this time it will bleed until I'm free~

terça-feira, 3 de julho de 2007

C..., B..., A.

Posso fechar os meus olhos e encontrar a melodia do fundo da minha alma. Posso fechar meus olhos e sintetizar a cega visão que tenho. Melancólica, lânguida e patética. Aqueles dias em que tudo era o prazer da conversa, que de prazer não tinha nada, pois tudo já havia sido perdido há tempos. Aqueles dias em que me esforçava em fazê-la sorrir, aqueles dias em que me matava por dentro para ser algo de útil, aqueles dias em que me rebaixava a pouco, a quase nada, a um nada exageradamente pequeno, talvez porque você fosse tão grande e assustadora e amedrontadora e fucking special que eu era mesmo um nada em contraste ao tudo de sua presença.



Clementine encontrava-se deitada no chão frio, as costas magras e nuas em contato com o piso de seu quarto e os olhos fixos na luz forte acima de si. Concentrada naquele clarão branco, de duas uma: ou conseguiria, de uma vez por todas, chorar e colocar toda sua dor para fora, ou esqueceria toda sua vida, desvanescendo por entre os raios de luz do sol artificial que pairava sobre sua cabeça. O som estava ligado, a triste melodia preenchia todo o ar com seu aspecto cinzento e repugnante, e Clementine mal sabia que música estava tocando, mal sabia se gostava ou não, mal sabia o que estava acontecendo, era uma pequenina alma errante em seu próprio mundo, onde oxigênio era sentimento e a luz era razão, mas o mundo era escuro, não importasse a quantidade de luz que tentasse absorver da dimensão exterior.



Frio. Quarto. Chão. Nudez. Luz. Claro. Abertura. Irritação. Dor. Repressão. Esquecimento. Vida. Som. Melodia. Tristeza. Cinza. Melancolia. Languidez. Sufoco. Não. Nunca. Jamais. Lixo. Incapacidade. Lágrimas. Vergonha. Aurora. Nada. Ódio. Vidro. Cacos. Rasgos. Sangue. Sorriso. Gargalhadas. Grito. Cortes. Demônio. Vazio. Apatia. Enjôo. Vômito. Superfície. Soluços. Escuro.

Clementine, you fucking bitch,
Well I hope your insides rot.